Cosi run tutti
“Così run tutti” era para ser uma ópera contemporânea, o cruzamento das estéticas e linguagens do teatro da Palmilha Dentada e a Interferência. O grupo de teatro e o colectivo de criadores de música contemporânea, a que ainda por cima se acrescentava a riqueza e a modernidade dos meios audiovisuais, numa linguagem que não chegando a ser kitsch, era garante de uma modernidade oportuna.
Infelizmente a coisa correu mal. Não é fácil o cruzamento entre o humor da Palmilha e a erudição da música contemporânea da Interferência. Nem os músicos representavam, nem os actores tinham ritmo e principalmente ninguém cantava, coisa que, apesar de todas as estéticas modernas, continua a ser fundamental na montagem de uma ópera, mesmo que contemporânea, mesmo que com meios audiovisuais, mesmo que quase kitsch.
O resultado final – de nome “Cosi run tutti”, em tradução muito livre “assim fogem todos” – não passa de uma reflexão sobre estéticas e a relação entre os criadores e os seus públicos, sobre a importância das políticas culturais e da riqueza e importância dos projetos artísticos pessoais e colectivos para lá das modas dominantes.
Mas, apesar de tudo, o resultado final tem música, humor e cantoria.
Já o Mozart, está inocente de toda esta confusão.